quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lembranças da Matemática...

Quando ouvimos falar em qualquer atividade de matemática, já formamos um pré-conceito de que será algo chato, sem sentido e de difícil compreensão. Mas por que apresentamos tanta resistência à disciplina de matemática? Por que nos causa um frio na barriga só de ouvir falar na palavra? Através dos relatos (memorial) apresentados pelas colegas, pude observar que o resultado dessa aversão é, na maioria das vezes decorrente da trajetória escolar, e o professor é o grande protagonista dessa história.
Minha vida escolar sempre se deu em escola pública.Tenho poucas lembranças das minhas aulas de matemática, mas o que mais recordo no ensino fundamental, é da dificuldade que tinha em operações de divisão e multiplicação, principalmente.
Na terceira série minha professora não cobrava a tabuada e quando fazíamos as provas de matemática, ela não removia a tabuada da parede como era de costume nas séries anteriores, pois justificava que não éramos obrigados a decorar. Tal atitude me causava um estranhamento, pelo fato de ser diferente da prática das demais professoras. Mas de certa forma ficava feliz, pois acabava me beneficiando com isso.
A quarta série foi um ano muito difícil, pois a cobrança era maior e como havia passado sem compreender a tabuada e as operações, obtive ainda mais dificuldade, além de ter muito medo da professora, que educava na base da ameaça e do controle.
Certo dia ela me cobrou a tabuada do oito, e eu, contando nos dedos, passei por um enorme constrangimento perante os colegas, deixando visível minha falta de conhecimento e habilidade. Exigiu então, que eu viesse no dia seguinte com ela decorada, caso contrário, sofreria alguma punição. Então cheguei em casa e me dediquei o resto do dia em função da tabuada.
Minha ansiedade em mostrar a professora e aos colegas que havia conseguido cumprir a tarefa solicitada era muito grande. Porém no dia seguinte esperei a manhã toda, a aula se passou e o momento tão esperado não ocorreu. Não me foi cobrado a tabuada que me deu tanto trabalho em decorar. Assim, não pude mostrar aos meus colegas minha nova conquista.
Hoje entendo que de certa forma essa cobrança me serviu para alguma coisa, pois ainda tenho facilidade em operar com qualquer número que seja multiplicado por oito. Mas penso que poderia ser diferente, se a aprendizagem tivesse sido significativa, poderia aprender a dominar a matemática em si, mas não por medo e sim pelo prazer de descobrir.
Na série seguinte, reprovei em matemática. O fato de ter que repetir o ano, enquanto meus amigos seguiam adiante, comprometeu muito minha auto-estima e fez com que eu apresentasse ainda mais desgosto pela disciplina.
Deste ano em diante, passei todas as séries, mas sempre ficando em recuperação em matemática, principalmente. Depois surgiram as disciplinas de Física e Química para complicar ainda mais. Recordo-me que no ensino médio alguns professores incentivavam o uso da calculadora, pensando estar facilitando nossa vida. Até que veio o momento de estudar para o vestibular. Fui aprovada depois de muitas tentativas, com muita dificuldade em cálculos.
Hoje percebo que o ensino de matemática que obtive na escola deixou muito a desejar, pois ainda encontro algumas dificuldades com os cálculos exigidos no cotidiano, tendo que recorrer muitas vezes à calculadora para efetuar operações mais triviais. Seja pela falta de tempo, de paciência ou de habilidade, fato este que me deixa muito preocupado, enquanto futura pedagoga.
Por isso, espero com a disciplina, desconstruir essa imagem negativa que a matemática proporcionou em minha vida, para que eu possa oferecer aos meus alunos, uma forma mais prazerosa de aprender. Para que no futuro, não sejam escravos da calculadora nem vítimas desse “bicho de sete cabeças”.
Reflexão: Parece utópico falar em desconstrução da imagem negativa da matemática, quando presenciamos o ensino sendo transmitido nos moldes tradicionais de geração a geração. Porém se o professor tiver a consciência da existência do diferente e da sua importância, articulada com a vontade de inovar, estará dando o primeiro passo rumo a um ensino e uma aprendizagem mais significativa.
E vocês colegas, o que pesam a respeito? Vocês acham que é possível fazer diferente? Gostaria de saber suas opiniões...
Lucilene Morais

2 comentários:

Descobrindo a Matemática disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Descobrindo a Matemática disse...

Pois é Lucilene, nosso papel de educador também matemático precisa ser revisto, para que nossas crianças desenvolvam o gosto pela aprendizagem da matematica. Mas com certeza para que isto ocorra, é necessario que nós professores também desenvolvamos este gosto, não é mesmo?
bjs
martha