terça-feira, 14 de outubro de 2008

Lembranças...

A primeira lembrança que tenho relacionada à matemática, me transportou para os anos de 1971 e 1972, anos que antecederam a minha entrada na escola, onde eu tinha 4 e 5 anos, respectivamente. Lembranças felizes, que se estivessem registradas em fotografia estariam amareladas, mas na minha memória as cores se mantém, assim como as sensações de criança que descobre a cada dia um universo de coisas novas.
Manhãs ensolaradas... Sentava-me no muro que dividia o meu jardim com o jardim daquele senhor aposentado, semblante calmo, mas vivaz, lembrava-me o Tio Barnabé, do Sitio do Pica Pau Amarelo, sempre sorridente e com algumas histórias para contar. Entre uma história e um copo de Qsuco ou guaraná Charrua, havia uma brincadeira! Brincadeira de contar! Ele falava “um” e eu repetia “um”, ele falava “dois” e eu repetia “dois”, isso se seguia... “Agora você sozinha!” – dizia ele. E era 1, 2, 3, 5, ops! E começava de novo 1, 2, 3, 4, 5, 8, ops!
Uma BRINCADEIRA, um DESAFIO, um JOGO. O jogo de contar.
E foi assim, que Seu Orlando, me ensinou a “contar”.
Aos 6 anos entrei na escola, no chamado Jardim da Infância. Deste, lembro das pinturas com guache, da casa de bonecas, de algumas brincadeiras e dos gritos da Professora Francis. Da 1ª série lembro da “abelhinha” e de como a Professora Sueli, que era um amor, nos ensinava a juntar as letras. Na 2ª e 3ª séries é amnésia total! Não lembro nem das professoras.
Seguiram-se, então, quatro (4) longos anos sem números em minha memória. Não lembro de realmente nada relacionado à matemática.
Novamente a memória se restabelece! Lembro de muitos momentos e situações vividas na 4ª série da Professora Vilma! Dos colegas, da sala de aula, das atividades em grupo, das brincadeiras e jogos que ela fazia com a turma. Continhas, efetue, calcule, problemas matemáticos, eram alguns enunciados rotineiros, escritos naquela enorme parede verde, que todos chamavam de quadro negro. E como era bom pegar o giz e ir até lá resolver as operações no quadro, podíamos levar o caderno e até errar. Foi neste ano que decorei a tabuada do 7.
Na 5ª série, a Professora Rosana, de matemática, costumava explicar bem a matéria, passava exercícios no quadro, depois caminhava pela sala, atendendo- nos individualmente, procurando solucionar as dúvidas de cada um. Eu resolvia os exercícios, mas não entendia o significado de tudo aquilo (1º (parênteses), depois {colchetes} e por último as [chaves], ou +com+ dá+, -com - dá+ e mantém o sinal, -com+ dá- e pega o sinal do maior). Ahhm?!
E assim foi até o 3º ano colegial, decoravaregras e fórmulas, resolvia os exercícios de forma mecânica e me perguntava: Qual o sentido disso?

Lendo os textos postados pelas colegas e meu próprio texto, percebemos diversas questões relacionadas ao ensino-aprendizagem da matemática. Que fatores por exemplo, influenciaram minha memória fazendo-me lembrar tão claramente dos momentos em que aprendi a seqüência dos números, aos 5 anos, ou a tabuada do sete aos 10 anos e não lembrar-me de absolutamente nada do que aprendi aos 8 e 9 anos? Refletir a cerca dessas questões abre um leque de possibilidades referentes a prática pedagogica no ensino da matemática.


Anelise Linck

Um comentário:

Descobrindo a Matemática disse...

Anelise
Este teu relato me confirma que a formação inicial dos conceitos matematicos é decisiva para a relação que estabelecemos, pelo resto da vida, com esta area do conhecimento. Quanto temos uma relação ludica, prazerosa, de descoberta, nossa relação com a matematica é de abertura para o conhecimento. Quando ocorre o contrario (como foi a maioria dos relatos)esta relação é sempre conflituosa.
Importante pensar sobre isto na nossa intervenção em sala de aula, não é mesmo?
bjs
Martha