terça-feira, 14 de outubro de 2008

Lembranças de minha vida escolar em relação à disciplina de matemática



Comecei a estudar com sete anos na Escola São Francisco de Assis, em uma comunidade pertencente à cidade de Lebon Régis que se localiza no Oeste de Santa Catarina. Estudei nesta escola até a 4ª série, e neste período algumas coisas ficaram marcadas como: algumas professoras, a disciplina de matemática e seu ensino que foi decepcionante pelo fato de ter passado por vários constrangimentos que relatarei mais a diante.
Lembro que comecei a conhecer os números na primeira série e na segunda série apreendi a fazer continhas de adição e subtração, das quais eu adorava. Porém, na terceira série começou a tortura. Minha professora Enedina era muito rigorosa, mal humorada, e escrevia um recadinho no caderno quando alguém não fazia os deveres, eu até fazia, mas sempre deixava para fazer a noite e como na minha casa não tinha luz, usávamos vela e enquanto eu fazia a tarefa também brincava com a vela e nem percebia que pingava cera em meu caderno.
No dia seguinte, a professora Enedina passava olhando os cadernos para ver quem tinha feito a tarefa, ela brigava comigo quase todos os dias, dizia que não iria olhar meu caderno porque estava um nojo, me mandava para fora da sala tirar as ceras de vela que estavam coladas no caderno para posteriormente olhar. Meus colegas riam de mim, faziam piadinhas sobre o ocorrido e eu ficava com muita raiva.
Recordo-me também de quando a professora começou a cobrar a tabuada para que pudéssemos aprender a fazer continhas de multiplicação, e como eu tinha muita dificuldade de compreender aquela lógica da matemática ficou ainda mais difícil da forma que ela cobrava a tabuada, que era oral. Achei que a tortura estava chegando ao fim, mas me enganei.
Da 5ª a 8ª série passei a estudar no Colégio Estadual “Frei Caneca” em Lebon Régis. Reprovei na 5ª série, porque não estudava, ficava jogando bola com os meninos, mas acho que reprovei mesmo, por que não tinha cobrança e nem incentivo de ninguém e por ser tudo muito diferente para mim, mais disciplinas, vários professores...Acabei reprovando.
Comecei a me esforçar na 7ª série quando minha mãe queria me tirar da escola, porque eu gastava muito tênis durante o ano, pois jogava futebol na quadra que era de cimento salpicado.
E em relação ao ensino de matemática, a tortura prosseguiu. Minha professora Teresinha Prado, era muito estúpida, explicava o assunto só duas vezes, e se alguém falasse que não tinha entendido, ela questionava o que os alunos estavam fazendo durante a explicação. Passava de 3 a 4 páginas de exercícios para fazer em casa e na próxima aula a correção ocorria da seguinte forma: cada um, em seqüência das filas de carteiras tinha que resolver um exercício no quadro, sem levar o caderno. Ela ficava olhando você fazer e as vezes perguntava de onde saiu aquele resultado e ainda perguntava o porque? Isso não era nada, tinha dias que nós (a turma) decorávamos a resolução da conta que iria cair para cada um, mas era bem nesses dias que ela mudava a seqüência dos exercícios . A sala inteira quase tinha um ataque do coração nas aulas dela, eu quase tive um enfarte quando ela escolheu alguns alunos para resolver umas contas que ela tinha selecionado.Me escolheu e eu não tinha feito, copiei da minha amiga e passei a resolução do exercício na minha mão, na hora em que eu estava no quadro resolvendo, quero dizer copiando da mão ela viu e me expulsou da sala e me deu suspensão de 3 dias e mandou que eu fosse estudar.
Passei a maior vergonha e fiquei triste, sentido um grande constrangimento, pois todos da sala ficaram sabendo que eu não sabia fazer aquele exercício que a Teresinha falava que era muito fácil.
Este relato acima, mostra as lembranças que tenho em relação a minha vida escolar, mas especificamente, ao ensino de matemática.

Os fatos citados, as professoras, os objetos ordinários, daquele tempo, nos ajudam a perceber que mudanças ocorreram, ou não, no ensino, na didática dos professores e nas formas de ensinar e aprender matemática.


Gislaine Alves dos Santos

2 comentários:

Descobrindo a Matemática disse...

Gi
Com certeza a tua experiência relatada, infelizmente, é muito comum...
De qualquer maneira, como professores, precisamos entender que nossas intervenções (positivas ou negativas) marcam a vida dos estudantes para sempre. Neste sentido precisamos continuamente estudarmos, pesquisarmos...
bjs
martha

Adriano Roberto disse...

Após esse relato, fica fácil entender pq alguns alunos acabam cometendo barbáries nas escolas. Gislaine tinha tudo para ser uma dessas alunas. Aínda temos pessoas que se acham professores agindo dessa forma, traumatizando alunos(as) na sala de aula.